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Sinópse do livro: BAIRRO DE MATOSINHOS, BERÇO DA CIDADE DE SÃO JOÃO DEL REI.
   Trata-se da fundação das cidades de São João del Rei e Tiradentes, abordando o Porto Real da Passagem, local onde se deu a criação do primeiro núcleo habitacional das duas cidades

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Sinópse do livro: MARIA ANGÉLICA, A DESEJADA DOS INCONFIDENTES
   Trata-se de um romance histórico de uma linda e rica jovem da sociedade são-joanense. Parte da obra o autor pesquisou em riquíssimas fontes bibliográficas, tais como, Biblioteca Nacional, Arquivo Público Mineiro, Museu Regional de São João del Rei, entre outras

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O autor preocupou também em mostrar os pontos turísticos da cidade de São João del Rei, bem como seu patrimônio cultural, incluindo os toques de sinos e as festas religiosas. Aborda como se delineou verdadeiramente a Inconfidência Mineira, incluindo como protagonista principal, o inconfidente Domingos Vidal Barbosa Lage, cuja família é tida como fundadora da atual cidade de Juiz de Fora. Explorou bastante também os inconfidentes da atual cidade de Barbacena.        

OS LIVROS ENCONTRAM-SE A VENDA NOS SEGUINTES LOCAIS:


SÃO JOÃO DEL REI
A Colegial, Agência, Bárbara Bela, Baroneza, Banca de Matosinhos, Livraria Paroquial, Arca de Noé, Pão Quente e 1ª Página

JUIZ DE FORA
Livraria Liberdade (Rua Santa Rita,545).

BELO HORIZONTE
Livraria do Psicólogo e Educador (Av. do Contorno, 1390 - ao lado do Viaduto da Floresta) Livraria Alfarrábios (Rua Tamóios - Tel 3271-3603).

BARBACENA
Livraria Bernadete - Rua Teobaldo Tolendal, 51 Tel (32) 3331-7244.

Alguns capítulos dos livros: Bairro de Matosinhos, berço da cidade de São João del Rei e Maria Angélica, a desejada dos Inconfidentes, de José Claudio Henriques

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O BAIRRO:

4.1 O COTIDIANO NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
                 O bairro de Matosinhos, na década de 1950, teve momentos marcantes e inesquecíveis. O cantar de carros de bois, que chegavam das localidades vizinhas trazendo lenhas para os fogões e mantimentos para vender aos interessados. As mulheres italianas com varais de balaios duplos a vender verduras. A única diversão noturna era ver o trem passar na estação, a menos que tivesse festa de barraquinhas na igreja, em que obrigatoriamente tinha-se que ir primeiro à cerimônia religiosa, para depois divertir-se. Ser coroinha e Congregado Mariano era ponto de honra. A partir de 1960, com a criação do Cine Real pelo Pároco Pe. Jacinto Lovato, onde tinham sessões às quartas e domingos, as diversões começaram a se diversificar. Primeiro, o Cine Real se instalou num velho cômodo que sobrou da destruída Fábrica de Tecidos Matosinhos e depois se transferiu para as acomodações da atual Fábrica de Massas Mazzoni, na rua José de Assis Sobrinho, ao lado da Escola Estadual Tomé Portes del Rei, local onde encerrou suas atividades em decorrência da inauguração do Cine Matosinhos, localizado na Av. Josué de Queiroz, nº 157, filial do Cine Arthur Azevedo, localizado no centro de São João del Rei, de propriedade do Sr. Nequinha Guerra e sócios.
              O interessante é que o Cine Real possuía somente uma máquina de projeção e, quando o rolo de fita cinematográfica acabava, era preciso esperar até que montassem o novo rolo e reiniciassem a projeção. Mesmo assim era um sucesso total. Antes de passarem o filme principal, passavam-se seriados, tal que, mesmo se o filme principal não lhe motivava, a ida ao cinema era essencial para não perder nenhum capítulo, como ocorre atualmente com novelas da TV Globo.
              De vez em quando, também chamava a atenção os parques de diversões e circos que chegavam esporadicamente no Bairro. Eram instalados normalmente atrás da igreja velha ou na Vila Santa Terezinha, ao lado da igreja de Santa Terezinha. A diversão era sempre acompanhada de música popular através de auto-falantes em que as pessoas mandavam recados para outras e de vez em quando saía namoro que, em alguns casos, terminava em casamentos.
              Durante o dia, destacava-se o grande movimento de operários da fábrica de tecidos São João, ao entrarem e ao saírem do expediente de trabalho. Na época de Natal, realizavam grandes festas nas dependências da fábrica, com comida e refrigerantes para todos do bairro das marcas Marchetti e Aviador.  Durante o dia também funcionava o jogo de Bocha localizado ao lado da velha igreja.
              Aos domingos, tinha-se intensa programação: pela manhã, missa às 8 horas, em seguida, freqüentava-se o Oratório Festivo Santa Terezinha, organizado pelos padres salesianos. À tarde, o ponto de encontro era no campo do Social Futebol Clube, para ver jogos do campeonato e, quando o Social não jogava, disputava-se o campeonato de peladas nos campinhos de futebol, jogando descalços. Os times de peladas que mais se destacavam eram: o time do Sr. Carlinhos; assim denominado, porque o campinho de futebol localizava-se na Chácara do Sr. Carlos Henriques, o time do Diogo, que ficava na atual Vila Nossa Senhora de Fátima, o time do Tiriri, que ficava na Vila Santa Terezinha; o do Parode Benfenatti, que ficava em frente ao campo do Athletic; o do Crioulo, que ficava em frente à sua residência na Rua Herculano Veloso; o de Trás-da-Igreja, que ficava atrás da Igreja demolida, na Praça Senhor Bom Jesus, comandado pelos irmãos Zezé e Waldir, filhos do Sr. José Soares, proprietário do antigo Bar Social, local este onde se divertia jogando sinuca (snooker). O Bar Social localizava-se exatamente onde está hoje a Farmácia Americana. Chamava-se Bar Social por causa do seu proprietário ser fanático torcedor do Social Futebol Clube.
              De vez em quando, organizavam-se passeios à Casa da Pedra e Serra de Tiradentes, à pé. Na noite de domingo, ia-se para o footing na Avenida Tancredo Neves, que na época chamava-se Avenida Rui Barbosa, sempre de terno e gravata, mesmo em época de verão. As noites de sábado eram marcadas por festinhas dançantes, na casa de uma amiga, sendo que as mulheres levavam salgados e os homens bebidas. Quando o trem parou de funcionar, a lotação do Lalado (que era uma microjardineira) e a bonita lotação do Perílio (que tinha o nome de Marta Rocha em homenagem à Miss Brasil) passavam a ser utilizadas como principal meio de transporte até à cidade. Para o delírio de todos, chegou um novo ônibus denominado “Papa-Filas”, esperado por todos nos pontos de ônibus, já que este tinha capacidade para 33 passageiros, o que era novidade naquela época

            Naquela época, a via urbana principal de Matosinhos era a Rua Bernardo Guimarães, onde passava todo o trânsito com destino à cidade. O jornal O CORREIO, de 09/03/1952, cujos fundadores foram Herculano Veloso e o Dr. Tancredo de Almeida Neves, teve importante papel divulgando o péssimo estado em que se encontrava a ponte de Madeira de Matosinhos, que estava para cair a qualquer momento, e chamava a atenção de que ali era a entrada principal da cidade, pela qual passava-se todo o trânsito que ia e vinha do Rio de Janeiro, Barroso, Barbacena, Juiz de Fora, Prados e Dores de Campos. Esta ponte de madeira ficava na atual Rua Bernardo Guimarães, ao lado da casa do Sr. Djalma Beltrão, já falecido, de família tradicional de Matosinhos

4.2 O Oratório Festivo Santa Terezinha
         A denominação de Oratório Festivo foi inventada pelos padres salesianos, onde se rezava e logo após se divertia. Em São João del Rei, existiam três oratórios: o oratório festivo Dom Bosco, que era o principal e ficava instalado na matriz paroquial de Dom Bosco, o oratório festivo Santa Terezinha, que era instalado na igreja de Santa Terezinha, no bairro de mesmo nome, dentro do Grande Matosinhos e, finalmente, o oratório festivo São Caetano, que ficava no bairro de mesmo nome, nas imediações do bairro do Tejuco.
            Após a missa matinal de domingo, seguia-se o catecismo (ensino de dogmas e preceitos da religião). Em seguida, cada freqüentador, garotos e garotas de 7 a 15 anos se destinavam a diversão naquilo que lhe eram mais peculiar.
            Divididos em categorias de idade, existiam os menores, médios e maiores, para praticarem esportes. Como sempre, o futebol era a paixão de todos os meninos. Os menores jogavam num campinho defronte a igreja, onde hoje se encontra a praça. Os médios e maiores jogavam nos apelidados campos de terra vermelha, localizados pouco acima da igreja.
            No oratório, existiam também outros esportes menos cobiçados, tais como: o espiribol, cuja bola ficava amarrada na ponta de uma corda e esta amarrada na ponta de um pau. Ganhava o jogo a dupla que conseguisse primeiro enrolar a bola no pau. Tinham também gangorras, barras de atletismo, jogos educativos de cartolina etc.
            Um dos participantes ativos do oratório, Sebastião Milagre, hoje morador em São Paulo, descreve emocionado sua infância:

            Recordações tenho-as muitas. Mas há sempre uma que a gente guarda com mais carinho, interesse e alcovitice. As memórias dos meus folguedos de guri pobre e dos períodos da minha juventude, com saudades em Del-Rei, enfim, momentos que são inesquecíveis e, que sabe, as horas mais felizes da minha vida.
            Começarei pela rua em que eu morava, sem asfalto, calçada com pedregulhos (característica de rua de cidades históricas de minas), pouco movimento, iluminada por lâmpadas em postes de madeira entre os quais se estendiam fios de força elétrica, que caminhões de carga elevada costumavam arrebentá-los, deixando-nos naquele “black-out” que faria inveja à Nova York.
            Em casa, ficávamos naquela semi-escuridão, iluminada apenas por lamparina, alimentada a querosene. Era a hora mais feliz, a família, reunida em volta da frágil chama da lamparina, contava as novidades do dia-a-dia, estórias e lendas como as: “Missa das Almas”, “Chica Mal-Acabada”, “Mula Sem Cabeça” e outras mais, até que o corpo, vencido pelo cansaço, dava os primeiros sinais de sono, íamos então dormir.
            Recordo-me dos jogos dos times de tampinhas, jogados nas calçadas da nossa rua, que terminavam ou em pancadaria ou com gritos de: - a bola! – a bola! A bola que chegava sob a manifestação de euforia da meninada, para serenar as ânimos exaltados, era feita de pano e meia de mulher, em certas ocasiões continha um aroma feminino de uma irmã, talvez até da mãe (com todo respeito) de algum jogador, delas quase sempre, subtraídas.
            Começa a “renhida” pelada em meio aos pedregulhos, com unhas arrancadas, logo amarradas com pedaços de flanelas, e a volta imediata ao jogo era questão de honra dos garrinchas, quarentinhas, didas, nomes dos nossos ídolos futebolistas da época, que gostávamos de imitar. Por nós chamados de “queda” e só interrompido por uma fatalidade do destino, ou seja, uma bolada numa vidraça. Então, como num passe de mágica, nesses momentos, os atletas desapareciam, reaparecendo mais tarde atrás das janelas entrefechadas, olhando a vizinha extravasando sua fúria.
            Soam-me ainda aos ouvidos os dobres dos sinos dominicais da minha igrejinha, chamando os fiéis para a missa das oito horas da manhã, ao término, saíamos alegremente em louca disparada em direção à sacristia, para disputar o único jogo de camisas de listras horizontais pretas e brancas, parecendo galinha carijó, sendo nós, por este motivo, chamados de “carijós”.
            No domingo à tarde, tínhamos as seguintes alternativas para terminá-lo; ou voltávamos para o catecismo ou ouvíamos, inertes, a narrativa do padre Teófilo sobre os heróis bíblicos: “Davi e Golias”, “Sansão e Dalila” e “Moisés atravessando o deserto com seu povo”, ou íamos a “matenée” das duas horas trocar gibis e assistir aos filmes dos nossos astros preferidos: “Gene Autry”, “Roy Roger”, “O Gordo e o Magro”, “O Velhinho George Hayes (Gabby)”, após o término do filme havia um momento especial: os seriados, os quais ninguém gostava de perder: “Cavalo sem Vagem”, “Escorpião” e outros mais, que no momento não me lembro.
            Com o tempo, tudo isso foi acabando, a cidade progredindo, tornei-me um rapaz, fui servir o exército e por circunstâncias contrárias à vontade minha, numa noite fria de junho, com os olhos marejados pelas lágrimas, eu disse adeus à minha terra, à minha gente, ao meu amor, ao meu maior tesouro: minha mãe, e vim em busca do eldorado tão sonhado, São Paulo.
            Parafraseando em trecho da música de Ataúlfo Alves, ponho fim a esta crônica: “Como eu era feliz e não sabia”

4.3 - CURIOSIDADES DO BAIRRO

            Passareli conta duas lendas interessantes acontecidas aqui. A primeira, denominada de “Lugar aonde o cachorro falou” :

“Dizem que fica na beira do Córrego da Água Limpa, limite sul do Grande Matosinhos. Logo se vê que foi um fato passado há muito tempo, quando suas águas ainda eram limpas... Lá pras bandas do lugar chamado Ouro Preto, onde os viajantes John Luccock e Robert Walsh comentaram no século XIX, de um velho dique – benfeitoria dos serviços de mineração de ouro – rompido pela força de uma enxurrada. Ali, na Fazenda Velha, diz que morou um rico senhor, dos mais miseráveis que já se viu.
         O ganancioso fazendeiro gostava de uma caçada e tinha seu cachorrinho fiel, que sofria de uma fome crônica, visível na sua magreza. Era pele  e osso, como se diz.
         Certa feita, o sovina caçou gordas codornas – seu prato predileto – e mandou uma escrava cozinheira prepará-las. Mãe Maria as fazia como ninguém. Seu tempero dava água na boca. Serviu-lhe. Se lambusava no comer, deliciando-se com o pitéu. E o pobre cão de caça, varado de fome, debaixo da mesa, babando, língua de fora, ofegante, olhos estatalados, rosnando de fome como que a implorar uma migalha, que o garrafinha recusava dar-lhe. Não fosse Mãe Maria, que vez por outra às escondidas lhe dava algo, já teria decerto morrido a míngua. Nem sequer os ossos lhe reservava. Guardava-os para torrar, moer e fazer farinha, que punha sobre o feijão. E o cachorro, vendo que nem sequer lhe restava os ossos, arranjou voz e falou: “Ohhh!!! patrão!... mas nem os ossos?
O homem desmaiou de susto. Acudiram. Ao acordar, tratou fartamente do cão. Dizem que depois daquela lição inesperada melhorou de caráter, deixando de ser tão munheca para beneficiar os necessitados.
         E o local ficou conhecido como o lugar onde o cachorro falou”

A segunda lenda, ele diz denominar-se de “O  Cala-Boca”:

                     “Cala-Boca é o curioso nome de um ribeirão que também limita o Grande Matosinhos, desaguando no Água Limpa. Sua história ou estória está ligada a um triste assassinato. Foi nos idos da escravidão. Havia uma grande fazenda por lá com muitos escravos e dentre eles uma mulata de uma beleza primorosa. O senhor tinha por ela uma espécie de capricho, um xodó, desejando-a e abusando sexualmente dela, a força e sob ameaças.
                     O caso se arrastava a bom tempo até que um dia a esposa do fazendeiro – a sinhá - descobriu a safadeza do marido, por meio da candonga de uma negra que não gostava da tal mulata. Revoltada, não pensou duas vezes. Logo que o marido saiu a cavalo para resolver um negócio, chamou um feitor – mal como o diabo - mandou que ele levasse a escrava para um grotão bem deserto e lá matasse a infeliz. Deu-lhe ordem de silêncio absoluto e que voltasse diante dela para informar o resultado. Assim foi feito.
                            A sinhá satisfeita e vingada diante do feitor, determinou-lhe que calasse a boca, sem jamais contar o fato. Do contrário, daria um jeito de eliminá-lo também. Voltou o marido e já maquinando no caminho seus desejos secretos, foi logo à procura de satisfazer-se com a escrava, como de costume. Não a encontrou. Mandou capatazes e feitores procurá-la. Viram os urubus na capoeira e lá acharam seu corpo. Forçou explicações com os empregados e notando o nervosismo do feitor assassino, arrancou-lhe a confissão. Ele clamava  que obedecera a uma ordem da patroa, que pedira para ele calar a boca sob pena de morte. Duplamente revoltado, contam, o sinhô deu uma surra na sinhá, ajuntou seus pertences, pôs sobre um animal cargueiro e a mandou devolver ao sogro. E como na briga de dois sempre lucra um terceiro, satanaz foi quem ganhou... quatro almas: a do casal, a do feitor e a da delatora fofoqueira.”

4.4 - ESCOLAS DO BAIRRO

            A primeira escola do bairro parece ter sido a Escola Pública do Sexo Masculino, cujo diretor era o Sr. Carlos dos Passos Andrade. Em seguida, vieram as Escolas Reunidas de Dona Izabel Pereira e Dona Abigail. Tudo indica que essas escolas, bem como a que se instalou no Pavilhão de Matosinhos, não foram adiante, já que com pessoas daquela época afirmaram que o pessoal de Matosinhos estudava no Grupo Escolar João dos Santos, localizado no centro da cidade, e no Aureliano Pimentel, no bairro das Fábricas, o que leva a crer que ficava dispendioso para o governo manter uma escola no bairro naquela época.
            Em 1946, foi inaugurado o Grupo Escolar Tomé Portes del Rei, hoje localizado na Rua José de Assis Sobrinho, nº 49, ao lado da Fábrica de Tecidos S. João. Em 27/01/1946, o Jornal "O Correio" dava a seguinte nota:
“Por ato de 23 do corrente o Exmo. Sr. Interventor Nísio Batista de Oliveira assinou um decreto na Secretaria da Educação, criando mais um grupo escolar no aprazível e populoso subúrbio de Matosinhos, com a denominação de Grupo Escolar Tomé Portes del Rei. É que o eminente professor Iago Pimentel, grande médico, nosso conterrâneo, figura de projeção no magistério superior do Estado, à frente da Secretaria de Educação, auscultando a necessidade da grande população escolar daquele centro industrial, acaba de beneficiar a nossa infância, com a melhor dádiva, que ficará indelevelmente registrada nas páginas do progresso de São João del Rei”.
            O professor Iago Pimentel descendeu do saudoso cientista e professor Aureliano Pimentel.
            O tradicional Grupo Escolar Tomé Portes Del Rei, hoje denominado Escola Estadual Tomé Portes Del Rei, foi criado através do Decreto Estadual Nº 2.192, de 22 de janeiro de 1946, e instalado no dia 23 de março de 1946. Funcionou nos seus primórdios em diversas casas particulares, sendo que em 1947 transferiu-se para o prédio dos Salesianos, hoje demolido para a construção de uma concessionária de automóvel na Avenida Leite de Castro.
            Em 1949, voltou ao seu bairro de origem e passou a funcionar em um prédio particular situado na Rua Coronel José de Assis Sobrinho, nº 72, antiga Vila Alberto Magalhães.
            Em 1950, transferiu-se em parte, para o atual prédio do Estado, enquanto aguardava a construção de mais salas de aula.
            Em 1961, todas as turmas passaram para o atual prédio, situado à Rua Coronel José de Assis Sobrinho, nº 49.
            O terreno onde foi construído o Grupo Escolar parece ter sido domínios do Antigo Patronato, pertencente ao governo, desde 1912, conforme escritura lavrada no Cartório do 2º ofício de Belo Horizonte, livro 79, folha 41, datada de 01 de maio de 1912.
            Em 1936, o governo vendeu parte deste terreno, reservando uma área de 2.400 m2 para a construção da escola, conforme registro no Cartório do 3º Ofício, livro 09, folha 19 - Livro de Transcrições e Transmissões - 03 D, folhas 139 e 140
            Foi sua primeira Diretora, Dona Maria da Conceição Guimarães. Dona Naná, como era mais conhecida e carinhosamente chamada, nasceu no dia 08 de dezembro de 1916, em São João del Rei, filha de Alzira e Idelfonso Guimarães. Faleceu solteira em Belo Horizonte, onde foi enterrada no Cemitério da Colina, quando estava a passeio, já que nesta ocasião ela morava no Rio de Janeiro. Foi também em Belo Horizonte que Dona Naná fez cursos e se aperfeiçoou para ser Diretora do Grupo Escolar. Sua vida foi bastante sofrida, porém um exemplo, já que, mesmo possuindo um defeito físico (ela tinha desvio de coluna vertebral e era asmática), teve que trabalhar muito para ajudar a criar seus quatro irmãos mais novos. Para isso, ela, além das atribuições de Diretora do Grupo Escolar, também costurava para fora e para os irmãos. Morava numa antiga casa em frente ao prédio do INPS em São João del Rei, na Avenida Tiradentes, mas também  morou no famoso Beco do “H”. Dona Naná foi também uma das fundadoras em Minas Gerais da Entidade Logosófica (Logosofia é uma doutrina ético-filosófica fundada pelo pensador argentino Gonzales Pecotche e que tem por objetivo ensinar o homem a chegar à autotransformação, mediante um processo de evolução consciente, libertando, assim, o pensamento das influências sugestivas).
            Outra Entidade de renome do Bairro é a escola do SENAI (Serviço Nacional da Indústria), inaugurada em 13/10/1952, onde se localizou o Pavilhão de Matosinhos. Foi um grande presente recebido pela população, principalmente pelas famílias menos favorecidas, que ali puderam estudar e dar uma profissão a seus filhos, ensinando profissões de especialidades técnicas, das quais nosso País tanto precisa.
            Outras escolas também existentes no bairro são: Escola Mateus Salomé, localizada na Rua Sete de Setembro, Colégio Polivalente, localizado atrás da Escola Mateus Salomé, Escola Pipocas de Mel e Colégio Pio XII, localizados no Bairro PIO XII

4.5 - DIVERSÕES NO BAIRRO – LAZER E ENTRETENIMENTO

            O Bairro de Matosinhos, por seus recursos naturais, já oferecia e continua oferecendo condições magníficas de lazer. Aqui, temos o córrego da Água Limpa que até 1960 oferecia condições da prática do banho e natação, sendo que hoje, dada à grande quantidade de dejetos jogados ali, somente é possível praticar a natação do Córrego da Capivara para a sua nascente. Antes de 1960, possuía um açude construído com bambus trançados, localizado nas imediações do término da Rua Batista Rios com Av. Santos Dumont, o qual represava água para plantações e formava vários poços a montante, com até três metros de profundidade. Nessas condições, estava o Poço denominado "Ouro Preto", localizado na curva onde se encontra o Campo de Futebol do Figueirense e, logo a seguir, na curva abaixo, o Poço conhecido por "Árvore de Óleo".
            A prática do Remo também era usada no Rio das Mortes, a partir da Ponte do Porto Real, em Matosinhos, que, infelizmente, devido a intensa poluição de hoje, não é mais praticado. Naquela época, décadas de 1940 e 50, chegaram até mesmo a constituir um Clube de Remo, formado pelos seguintes membros: Presidente - Mário Lombardi, Secretario - Carlos Felicetti, Tesoureiro - Carlos Andrade, procurador - Guilherme Rocha, Diretor de Esportes - Oswaldo Pêra, Conselho Fiscal - Alfredo Zerlottini, Luiz Bergo, Mário Guedes e Aldo Zerlottini

              Outras diversões são praticadas no bairro, tais como: Futebol, Queima do Judas, Festas Juninas, Festas de Barraquinhas, Blocos Carnavalescos, Escolas de Samba, Pagodes nas esquinas ou em Botequins, Jogo da Bocha, Jogo da Malha etc

4.6 - OS PRIMEIROS RÁDIOS RECEPTORES E TELEVISORES

Quanto ao primeiro rádio do bairro, notícias passadas por Vicente Guimarães contam que na casa do Sr. Paulo Campos, na copa mundial de futebol de 1938, sua esposa D. Eneida teve que levar o rádio para o quintal, dado ao grande número de pessoas que aglomeraram em sua casa, onde até mesmo sua enorme sala foi pequena para acomodar o grande público. Na verdade, somente os primeiros que ficavam próximos ao aparelho é que ouviam a voz do locutor; mesmo assim, volta e meia, o som sumia para aparecer minutos depois. O restante do pessoal quase não ouvia nada, mas tinha o prazer de receber noticias do jogo quase ao mesmo tempo do ocorrido. Era um fato inédito para aquela época. O segundo rádio parece ter sido o do Sr. Onofre das Neves.
Os primeiros televisores foram seqüencialmente na Casa Paroquial, na residência do Sr. Waldemar Marques e de Guilherme Ferrarezi, ambos funcionários da Rede Ferroviária Federal, todos os aparelhos instalados no princípio da década de 1960. Através deles, foi possível ver o Santos Futebol Clube, contando com o Rei Pelé, golear por 6 x 2 o Milan, time de futebol da cidade italiana de Milão, e ser campeão mundial de futebol. Naquela época, as emissoras de TV do Brasil só entravam no ar a partir das 18 horas. Em São João del Rei, pegava-se inicialmente a TV Rio e Tupi, do Rio de Janeiro, e TV Belo Horizonte e Alterosa, da capital mineira

4.7 - A PAIXÃO PELO FUTEBOL NO BAIRRO

No Bairro de Matosinhos existem, nos dias de hoje, cinco campos de futebol oficiais e, conseqüentemente, cinco times de futebol, descritos a seguir:
1. Estádio Joaquim Portugal, pertencente ao Athletic Club, fundado em 27/06/1909, em reunião convocada pelo Sr. Omar Teles, que foi seu primeiro presidente, Mário Mourão - Vice Presidente, José Lúcio e Amadeu de Barros - Secretários, Abydo Yunes - Tesoureiro, José Rios e José de Oliveira Lima - Capitães, e Guilherme Resende - Procurador. O Estádio Joaquim Portugal é muito bem equipado, com arquibancadas cobertas, para aproximadamente cinco mil pessoas, com o campo bem gramado e telado, com vários vestiários, cabines de rádio e cerca de 20.000 watts de iluminação para jogos noturnos.
2. Estádio Paulo Campos, pertencente ao Social Futebol Clube, nome dado a um dos seus mais ilustres torcedores. O Estádio do Social F. Clube, localizado no Jardim Paulo Campos, possui excelentes arquibancadas cobertas, para aproximadamente 3.000 pessoas, campo bem gramado e telado, com vários vestiários, três
3. Estádio João Gonzaga Teixeira, pertencente ao Siderúrgica F. Clube, localizado ao lado do Córrego da Água Limpa, em Matosinhos. O Sr. João Gonzaga Teixeira, além de ter sido presidente do Siderúrgica por vários mandatos, foi quem labutou para conseguir o terreno do estádio, que merecidamente levou seu nome. O estádio possui bom alambrado, cabine de rádio e 3 vestiários. O Siderúrgica Futebol Clube foi fundado em 19/05/1945.
4. Campo do Figueirense, pertencente ao clube do mesmo nome. Está localizado à beira do córrego da Água Limpa, antigo poço de natação denominado Ouro Preto, bairro PIO XII, onde foi tentada, nos primórdios da década de 1970, a construção de um clube a beira praia, com quadras e quiosques. O Figueirense foi fundado a 19/10/1975 por João Bosco da Silveira e Antônio Eustáquio Gonzaga, e a primeira Diretoria foi assim constituída: Presidente - Antônio Eustáquio Gonzaga, Vice-Presidente - Yvanir Gonçalves do Nascimento, Tesoureiro - João Bosco da Silveira.
5- Campo do São Sebastião - localizado também ao lado do Córrego da Água Limpa, na Vila Santa Terezinha. Na época da publicação deste trabalho, essa respeitada agremiação, depois de muito tempo desativada vem ganhando diversos incentivos por parte de moradores e políticos para o seu retorno, no intuito de repetir saudosas glórias do passado

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