HISTORIA REGIONAL

1808 – Por José Claudio Henriques

Segundo Laurentino Gomes a Família Real portuguesa embarcou para o Brasil trazendo cerca de 80 milhões de cruzados, metade do dinheiro em circulação em Portugal, prataria das igrejas, toda biblioteca do reino e até mesmo uma impressora novinha em folha que havia chegado de Londres. Calcula-se de 10 a 15 mil pessoas que embarcaram na frota, sob a guarda da armada inglesa, que partiu em 29/11/1807.
As 3 horas da tarde, escreveu José Trazimundo, futuro Marques da Fronteira, o comandante inglês  soltou 21 tiros de canhão saudando a frota portuguesa que partia ao mesmo tempo que era vista a tropa de Napoleão Bonaparte alcançando as partes mais altas da cidade de Lisboa.
Três navios ingleses acompanharam a frota portuguesa até a chegada ao Rio de Janeiro. Por varias vezes, ondas fortíssimas e tempestade em alto mar dispersaram os navios, os quais em diferentes dias foram se encontrar no arquipélago de Cabo Verde.
A quantidade de passageiros era tanta que não tinha cama para todos, de forma que a maioria dormia no tombadilho dos navios.
No dia 22 de janeiro, após 54 dias de mar e aproximadamente 6400 quilômetros distante de Lisboa D. João e sua frota chegaram em Salvador. Apesar de todos os infortúnios todos chegaram ilesos ao ponto final, Rio de Janeiro. Em 1808 Salvador contava com 46.000 habitantes e o Rio com 60.000, enquanto São Paulo tinha apenas 20 mil habitantes.
Foi em Salvador, uma semana após sua chegada que D. João assinou a carta de abertura dos portos a nações amigas. Isso também se deveu ao fato do porto de Lisboa estar tomado por tropas francesas sem os mínimos recursos para embarcar mercadorias para o Brasil.
Auguste Saint-Hilaire esteve no Brasil de 1816 a 1822.
De 1700 a 1800 cerca de 800 mil pessoas deixaram o velho continente com destino ao Brasil atraídos pelo ouro. Cerca de 2 milhões de escravos chegaram ao Brasil para trabalhar nas lavouras e lavras. O analfabetismo reinava em toda a colônia.
O botânico Martius chegou ao Brasil na comitiva da princesa Leopoldina que viria se juntar ao D. Pedro I, através de casamento por procuração.
A refeição dos tropeiros daquela época, normalmente era composta de feijão cozido com toucinho acompanhado de carne seca assada, que mais tarde veio a se chamar “feijão tropeiro”. Usavam como sobremesa queijo e banana.
Os castigos naquela época envolviam enforcamento, esquartejamento, mutilação, açoite em praça publica, bem como marcação com ferro.
Dona Carlota Joaquina desembarcou com as filhas, todas carecas devido a um surto de piolhos no navio.
Cerca de 10 mil negros encontravam-se no Campo de Santana aos domingos para dançarem, tocarem e cantarem.
Era muito comum o barbeiro fazer-se de dentista e cirurgião.
O nome completo de D. João VI era João Maria José Francisco Xavier de Paula Luís Antônio Domingos Rafael de Bragança. Nasceu em 13 de maio de 1767 e morreu em 10 de março de 1826.
Dom João casou-se por obrigação com Carlota Joaquina, teve 9 filhos. Aos 25 anos morando em Portugal e ainda casado, Dom João apaixonou-se por Eugenia José de Menezes, dama de honra de D. Carlota, nascida no Brasil, filha de Dom Rodrigo José de Menezes, governador da capitania de Minas Gerais.
Dona Carlota Joaquina era filha de Carlos IV e irmã de Fernando VII, reis da Espanha.  Nasceu em 1775 e morreu em 1830.
Carlota Joaquina chegou até mesmo a conspirar contra o próprio marido, a fim de passar o território brasileiro para o domínio espanhol, juntando-se com as demais colônias vizinhas. Tentou varias vezes passar o reinado para o filho D. Miguel em detrimento do próprio marido, o que não conseguiu. Era feia, invejosa, truculenta e maldosa. Quando a família voltou a Portugal, ela bateu seus sapatos no casco do navio dizendo: - dessa terra não quero levar nem areia.
Com a chegada da família real ao Brasil muita coisa mudou para melhor – de inicio revogou-se um alvará de 1785, que proibia a fabricação de quase tudo aqui no Brasil. Muitas indústrias foram montadas, começando pela primeira fabrica de ferro criada em 1811, em Congonhas do Campo, pelo governador Francisco de Assis Mascarenhas, o conde da Palma. A navegação a vapor foi autorizada a Felisberto Caldeira Brant, futuro marques de Barbacena. Criou-se a primeira escola de Medicina. Mais tarde seriam criadas a Biblioteca Nacional, o Museu Nacional, o Jardim Botânico e o Teatro São João. No dia 10 de setembro de 1808 saiu o primeiro exemplar da Gazeta do Rio de Janeiro, impressos com as maquinas inglesas que chegaram na viagem.
Segundo Laurentino Gomes em 1817 o comerciante pernambucano Antônio Gonçalves Cruz, o Cabugá, foi preparado pelos Estados Unidos para comandar pelo menos três missões. A primeira receber armas para combater as tropas de D. João VI, a segunda criar uma república independente no nordeste brasileiro e finalmente, com ajuda de alguns franceses presos, libertar Napoleão Bonaparte dos ingleses, preso na ilha de Santa Helena, Atlântico Sul, desde a derrota de Waterloo. Alem de Cabugá vários outros lideres toparam entrar nessa revolução pernambucana, mesmo porque os nortistas estavam pagando impostos para sustentar a corte portuguesa no Rio de Janeiro. Um dos grandes lideres foi Frei Caneca, futuro líder da confederação do Equador. Em poucos dias as tropas pernambucanas foram cercadas por terra e mar pelas tropas de Dom João. Depois dessa estrondosa vitória Dom João deveria ser coroado Rei do Brasil, Portugal e Algarve, um ano depois da morte da sua mãe D. Maria I, ocorrida em março de 1816.
A revolta do Porto de 1820 exigiu o retorno da família real. Na verdade, com exceção de Carlota Joaquina, que já tinha conspirado contra seu próprio marido, a corte não queria voltar a Portugal, o que acabou acontecendo em 26 de abril de 1821. A 04 de maio de 1821 morria Napoleão Bonaparte, no seu presídio.
A revolta dos Alfaiates se deu em 1798, na Bahia, a revolução pernambucana de 1817 e a confederação do Equador, também em Pernambuco, em 1824.

Apesar de aparentemente tranqüilos, se não fossem as atuações de Dom João VI e seus filhos Pedro I e II, o Brasil não seria hoje esta potencia territorial que é.

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